terça-feira, 31 de maio de 2016

Vendi minha alma

Vendi minha alma a um demônio
Em troca do seu amor
Foi ousado, insano
Mas a solidão já me torturava
Mais do que o próprio inferno

Selamos nosso pacto com um beijo
Nos apaixonamos...
Nunca imaginaria um demônio amando
Nunca imaginaria eu sendo amado

Dez anos me parecia o bastante
Nos parecia, mas não o foi

Em suas chamas, me queimei
E em meus afetos, o inundei

Fui ceifado
Cumprindo minha parte do contrato
No entanto, ele largou seu cargo
Para continuar sendo queimado, comigo
Não só pelas chamas do submundo
Mas pelas chamas do nosso amor...
                                                                     (Felipe D. S.)

sábado, 28 de maio de 2016

Esquina escura

No vento frio da esquina escura, te encontrei
Me adentrei em tua oculta solidão
Mergulhei no abismo de uma ferida aberta
Tive medo de continuar e me perder
Tive medo de parar e não viver

Nesse sanatório, a loucura tomou conta
Insano, não pensei
Insano, amei
Insano, me despedacei

Perdido, andei sem rumo
Acreditando que iria me encontrar em você
Acreditando que iria curar essa ferida
Que iria fazer parte da sua vida

O vento esquentou, a esquina brilhou
O abismo inundou, a ferida fechou
A gente se amou...
                                                                    (Felipe D. S.)

terça-feira, 17 de maio de 2016

Beija a flor...

O Sol lá fora queima suas asas
Desnudas, banhadas em mar
Tudo tonto com o céu a girar
A luz ilumina o calor exalado
A flor desabrocha em pensamento
No dia molhado, barulhento

Tentou despir-se das pétalas
Mas já faziam parte dele
Sei que parece clichê
No entanto, o que é o Amor
Se não, um grande clichê?

Sonho acordado
Lúcido ocultado
Sentido aguçado
Coração acelerado

Foi assim
Que o beija-flor amou
Amou a flor que nunca desabrochou
Perdido entre o que era real e ilusão
                                                                   (Felipe D. S.)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Aleatoriedades da vida

Em uma dessas aleatoriedades da vida
Você me apareceu
Uma brisa inesperada, do nada
Numa brincadeira tola
Escrevi nosso destino num papel
Você aceitou

Como café e leite
Pão e manteiga
Nos combinamos
Nos gostamos

O que outrora estava se tornando gelo
Hoje se tornou fogo
Conseguimos enxugar o gelo
E esfriar o fogo

Gruda o chiclete
Explode o confete
O amor, o canivete
O beijo do espaguete

Das aleatoriedades da vida
Você, a melhor...
                                                                     (Felipe D. S.)

sábado, 7 de maio de 2016

Estou à flor

Estou à flor da pétala
Na plenitude de sua delicadeza
O vento que bate, me leva
Parece que tudo é muito intenso

A gota que escorre em minha pétala
É a mesma que outrora foi contida
O beija-flor que hoje me beija
Me toca como nunca tocou

O calor me emorece
O frio me congela
O meu grão de pólen, o amor
Ah, esse me dilacera

Queria eu, voltar a ser um botão
Um grão, em vão
Não chamaria atenção
Nem me tornaria paixão

Estou à flor da pele
Estou à flor da pétala
Estou à flor da alma
Estou à flor...
                                                          (Felipe D. S.)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Minha tela

Tua pele, uma tela
Pinto o que sinto
Descrevo o que vejo

Em cada curva
Uma madrugada
Vazia, escura, calada

Em cada reta
Um destino
Incerto, torto, cretino

Em cada lábio
Um encontro
Molhado, quente, apronto

Em cada vértebra
Um arrepio
Intenso, suave, sombrio

Em cada sinal
Um ponto de chegada
Outro de partida

Em teus poros
Se esvaindo em mar
Mergulho de olhos fechados

Em teus pelos
Uma floresta
Escura, misteriosa, encantada

E em teu olhar
Um criança assustada
Pois de mim
Nada mais resta
Que uma fera domada...

                                                    (Felipe D. S.)